Sonhos de Uma Criança em Itararé
Eu era o menino
Que sonhava incendiar barcos de
papel de pão
Assumir a bússola, o sextante, o timão
E com a nave louca
desgovernada
Ganhar o corrimão da enxurrada...
Eu era o guri
Que olhando o céu de Itararé tão
infinito
Ainda assim fazia pito-carito
Pois eu tinha um sonho altaneiro,
bonito
De ser poeta, vencer, ter floração
Muito além daquela
constelação
Eu era um piá
Em Itararé – a beira do Paraná
Que
tinha loucas ilusões, fantasias...
Em deixar a terra-mãe onde canta a
sabiá
E todas as minhas conquistas e vitórias teria
Vivendo de cervejas,
de serestas e de poesia...
Mas veio a baldeação da florada da vida
O curumim
sentindo fome e a alma dividida
Garrou o mundo em busca de diploma,
arco-íris, anel
Mas sofrido descobriu-se um dia de luta descabida
Que
ainda é só aquele pobre menino do barco de papel
E o incêndio é a saudade de
uma distante Itararé querida!
Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
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